Já se sabe de há uns anos a esta parte que em Alvalade, receber o campeão nacional é sinónimo de fazer o jogo da época, mesmo que neste caso o jogo da época seja entregar por completo o jogo ao adversário e esperar pela desinspiração deste, e por um ou outro lance de transição rápida que possa dar golo. Daí que comentar este jogo não possa ser muito diferente de um Porto - Olhanense ou coisa que o valha. Sporting com as linhas todas recuadas à espera da perda de bola e lançamento rápido para o ataque. Uma coisa é certa, se houve quem se queixasse que este Sporting agora é uma equipa B, pelo menos desta vez tem um treinador a sério e, por muito manhosa que seja uma estratégia, não deixa de ser isso mesmo, uma estratégia. Nem toda a gente teve a sorte de ir jogar a Alvalade com um calhau a preparar os jogos.
Mas se é verdade que a postura dos verdinhos foi pequena, não é menos verdade que se voltaram a fazer sentir as dificuldades do Porto para furar defesas baixas. O domínio voltou a estender-se por todo o campo, e chegaram mesmo a acontecer lances de perigo, mas frente a uma equipa que tem por hábito fazer do seu guarda-redes o melhor em campo, é preciso forçar mais um pouco. Inadmissível ficar a zeros contra uma equipa que tem o Rojo no onze inicial. Faltou Moutinho e com ele alguma objectividade e controlo na saída para o ataque, mas também Mangala no lugar de um Maicon que depois da lesão desespera na busca pela melhor forma. Este foi o filme do jogo até aos 80 minutos, com o Sporting a conseguir apenas dois lances de perigo (muito perigo, diga-se) e um Porto a controlar tudo o resto mas com a postura de que o resolveria mais cedo ou mais tarde.
Até que aconteceu o surreal. Com o árbitro a dar uma ajuda aos leões e tirar Rojo de campo a dez minutos do fim, Vítor Pereira cometeu o erro fatal: a entrada de Liedson e saída de Defour rompeu completamente com as ligações entre o meio-campo e o ataque, partiu o jogo em vez de asfixiar o Sporting no seu meio-campo, e acabou por ser o adversário a estar mais próximo do golo da vitória. Para alguém que se diz tão fiel a um modelo táctico e a um estilo de jogo como o Vítor Pereira, essa opção deitou tudo a perder. Mais do que pensar como treinador, pensou como adepto e meteu a carne toda no assador, convidou o caos a entrar num jogo que o próprio afirma gostar de ver controlado.
Nota final para um jogador do Sporting chamado Fokobo. Por nada mais a não ser por se chamar Fokobo. Ia julgar que tinha lido esse prato da última vez que fui a um restaurante de sushi.
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