Poderia fazer aqui um post sobre a Liga Revolução Cabovisão, quanto mais não fosse porque com um nome desses, a liga assim o merece, mas não é bem isso que me traz aqui.
Por segunda divisão, ou seja, a divisão dos segundos, ou seja, aquela que vem abaixo da primeira, onde estão os melhores, entenda-se a divisão onde verdadeiramente pertence o futebol tuga no panorama do europeu. Ainda no outro dia o escrevi a propósito do choque que para muita gente foi ver a selecção relegada para o playoff, que acha que por termos um dos melhores jogadores do mundo da actualidade, temos obrigação de estar nos grandes momentos futebolísticos, mesmo quando é evidente que não há qualidade para tal.
A campanha do Benfica na Liga Europa da temporada passada deixou muita gente eufórica com a força da equipa e do futebol português, de regresso "aos grandes palcos europeus". A sua consequente subida para o 6º lugar do ranking da UEFA, a juntar à posição ocupada pelo Porto, levou-nos a colocar dois clubes no Pote 1 do sorteio da Champions e daí à ejaculação precoce foi um pequeno passo.
Aquilo de que, claro, pouco se falou, foi que a campanha do Benfica na Liga Europa surgiu antes de tudo o resto, de um fracasso na Liga dos Campeões uns meses antes. Incapaz de lutar ombro a ombro com os verdadeiros tubarões europeus, o Benfica foi relegado do primeiro para o segundo escalão onde, aí sim, conseguiu algum destaque perdendo precisamente frente a um adversário na mesma situação. Na final, onde o Benfica jogou o suficiente para sair com o troféu, duas coisas ficaram evidentes:
- a motivação com que o Benfica serrou dentes durante os 90 minutos para trazer para casa o troféu confirmou a grandeza daquele momento para aquele clube, uma competição cuja vitória final imediatamente se tornaria num marco histórico.
- a desmotivação com que o Chelsea encarou o jogo, mais um dia de trabalho cumprido enquanto se faziam horas para estar, na temporada seguinte, de regresso ao lugar onde sempre acharam pertencer (e do qual haviam saído vitoriosos escassos 12 meses antes). Mesmo sem jogar um corno, a qualidade individual dos seus jogadores fez a diferença.
Esta temporada, ao que tudo indica, caminhamos no mesmo sentido. Os dois clubes que nos últimos anos têm dominado o campeonato nacional estão a um pequeno passo de nova relegação para o lugar onde pertencem. O pote 1 do sorteio confirmado como um pequeno capricho matemático. A Liga Europa (ou mesmo nada de nada) é uma realidade que parece cada vez mais presente. A confirmar-se o cenário, para Jorge Jesus, o catedrático, será o terceiro falhanço em 4 tentativas. Para Paulo Fonseca, a bofetada final que o irá acordar em definitivo para uma realidade que nada tem a ver com a que viveu até aqui - sim, a este nível, os mais pequenos erros pagam-se caro, muito caro. Para os clubes em si, um rotundo falhanço: mesmo que por um capricho do destino isso signifique trazer para casa o troféu da 2ª Divisão, as perdas financeiras quando comparadas à simples passagem aos oitavos de final são incomparáveis. Para o futebol português, deveria ser a confirmação da falta de qualidade global da nossa liga. Se os dois clubes incomparavelmente mais fortes que os restantes são de segundo escalão europeu, os restantes não têm ali lugar, como parece que a campanha da Liga Europa vai confirmar, atirando todos para casa já em Dezembro.
Gostava, obviamente, de estar enganado, e em Fevereiro continuar a ouvir o hino da Champions nos estádios portugueses, mas as recentes exibições de Porto e Benfica, cá dentro e lá fora, apontam para níveis de qualidade ainda inferior ao da temporada passada, o que não augura nada de bom.
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