Saturday, February 09, 2013

A Bifização de André Villas Boas

Ao contrário de muitos adeptos de futebol nacionais, tenho sido um fiel torcedor pelo sucesso de AVB desde que este deixou o FCP. Para muitos portistas, será sempre o traidor que trocou a sua cadeira de sonho pelo conforto das libras. Para muitos anti-portistas, o seu insucesso lá fora será prova de que só conseguiu ter o sucesso que teve cá dentro por razões obscuras. Ora eu cá deixei-me de explorar o mundo da obscuridade desde que acabei a formação ao Rei Ghob, portanto irei abordar aquilo que vejo.

Mais de metade da temporada passada, e os Spurs encontram-se muito bem colocados para cumprir com os objectivos. A Champions League é uma possibilidade real, com um 4º lugar relativamente seguro e o 3º a apenas 1 ponto. A instabilidade do Chelsea pode jogar a seu favor e permitir a surpresa do pódio. A subida de forma do Arsenal pode jogar contra si, com os Gunners ainda com possibilidades reais de lhes roubarem o lugar.

Apesar de ter feito no Tottenham aquilo que já fizera na Académica e no FCP e que falhou no Chelsea, ou seja, transformar o estilo de jogo de uma equipa num relativamente curto espaço de tempo, os Spurs parecem ainda uma miragem daquilo que AVB realmente quer das suas equipas. Mas é também isso que prova que o português aprendeu com a falhada experiência da época passada. Em vez de forçar um estilo de jogo que acabe por colocar os jogadores contra si, AVB tenta adaptar as suas ideias ao futebol inglês que apesar da evolução das últimas décadas com a entrada de muito talento continental e mundial, está ainda enraizado no físico, nas correrias loucas, nas bolas pelo ar da sua fundação. Acima de tudo parece que falta criatividade e poder de fogo. Defensivamente, a equipa melhorou bastante desde o início da época, apesar de jogadores pouco inteligentes como Kyle Walker (lá está, apreciado pelos adeptos pelo físico imponente e a velocidade). Mas na frente, vive um momento de dependência desse talento espantoso de Gareth Bale, o galês que em muitos aspectos está à frente de todos os colegas de equipa. As saídas de Modric e Van der Vaart tiraram essa nesga criativa para furar defesas contrárias, e a falta de pontas de lança de nível mundial torna frustrantes algumas jogadas ofensivas. O apuramento para a Liga dos Campeões poderá trazer consigo os milhões que permitam fazer chegar alguns reforços de peso e levem a equipa a um patamar superior. Mas a verdade é que com mais ou menos espectáculo, aquilo de que Villas Boas precisa mesmo é de reconquistar a credibilidade perdida na época passada, e está no bom caminho para isso.

No comments: